Fala pessoal, tudo bem?
Já foi o tempo onde o treinamento intervalado de alta intensidade era coisa exclusiva de atleta. Ele ainda é, mas outras populações começaram também a usufruir de seus benefícios. Dentre essas populações, os portadores de alguns tipos de doenças crônicas como hipertensão e diabetes podem ser beneficiados.
Mas assim, como qualquer tipo de tratamento, a aplicação do HIIT a esse tipo de populações possui vantagens e desvantagens. E é sobre isso que eu queria falar com vocês.
Na verdade eu queria mostrar dois artigos que se completam, e que fizeram exatamente o que eu estou fazendo aqui: mostrar o ponto e o contra-ponto desse assunto. Os artigos são “CrossTalk proposal: High intensity interval training does have a role in risk reduction or treatment of disease” (Wisløff, Coombes e Rognmo, 2015) e “CrossTalk opposing view: High intensity interval training does not have a role in risk reduction or treatment of disease” (Holloway e Spriet, 2015).
Mas vamos lá, primeiro as vantagens:
Vantagens do HIIT no tratamento de doenças
A primeira grande vantagem do HIIT diz respeito ao tamanho dos resultados em relação ao tempo despendido na atividade. E aí, quase nada supera esse modelo de exercício. Estudos enormes, como um conduzido em Taiwan com mais de 400.000 pessoas, demonstrou que 15 minutos de atividade vigora diária são capazes de reduzir a mortalidade em aproximadamente 25%. Se fossem atividades moderadas, precisaremos de 60 minutos diários.
Na Noruega o resultado foi bem parecido, onde pessoas que se exercitaram, na média, 49 minutos por semana (7 min/dia) tiveram um aumento da capacidade aeróbica quase 2 vezes maior (6ml.kg.min-1 vs. 3,5ml.kg.min-1) que aqueles que se exercitaram de forma moderada, por 216 minutos semanais (30,8min/dia).
E não fica por aí… temos diversos estudos destacando a efetividade do HIIT no tratamento de uma série de doenças, como falha cardíaca, doença coronariana, síndrome metabólica e hipertensão. Todas doenças crônicas, graves, e que conduzem a uma alta taxa de mortalidade.
E normalmente os HIIT’s nessas população não são os “all out”, ou “tudo-que-dá”. São intensos sim, mas não são necessariamente máximos. Tiros na rua, bike, piscina ou qualquer outro contexto, executados a 80% do seu máximo, mas de forma repetida, já são mais do que suficientes para obter todos os benefícios.
E pra finalizar, os autores destacam que existem hoje no mundo pelo menos 2 bilhões de pessoas que poderiam ser beneficiadas com esse modelo de treinamento, claro, desde que bem orientado. Mas como uma moeda tem sempre dois lados, o HIIT também tem pontos negativos. Vamos a eles…
Desvantagens do HIIT no tratamento de doenças
Usar o HIIT pode ser bacana, mas dizer que o exercício moderado e contínuo deve ser desprezado é no mínimo um GRANDE erro. Existem dezenas de milhares de estudos mostrando como o exercício dessa forma pode ser benéfico no tratamento de patologias. E a base pra defender o exercício moderado e contínuo (EMC) é muito, mas muito maior do que a do HIIT.
Além disso, a maioria dos exercício envolvendo o HIIT foram realizados com pessoas jovens e saudáveis, o que limita, e não é pouco, nossa capacidade de transportar os resultados para as populações que realmente precisam. Estudos com idosos e cardiopatas existem, mas ainda carecem de volume e controle.
Um exemplo bem claro é o benefício causado a hipertensos pelo efeito hipotensão pós-exercício. De uma forma bem breve, quando você se exercita, os volumes de sangue no músculo aumentam, e o circulante diminui (temporariamente). Mas isso é bom, acaba provocando hipotensão pós exercício, ou seja sua pressão diminui. No hipertenso, é um dos melhores efeitos agudos existentes.
Só que esse efeito tem relação com o tempo de esforço. E aí o HIIT perde para o EMC. Exercícios longos e sistematizados geram maior efeito hipotensão do que os intervalados de alta intensidade. E para um hipertenso, abrir mão desse benefício, não é uma boa ideia.
Outra questão importante diz respeito às mudanças crônicas, de longo prazo. Aparentemente, tanto o HIIT quanto o EMC provocam as mesmas melhoras musculares. Entretanto, quando olhamos para modificações centrais (ex.: volume de ejeção), os resultados do HIIT ainda são bem controversos. Não existe unanimidade dos benefícios.
Enfim, esse papo vai longe, e o importante é mostrar os dois lados. Sem puxar pra cá, nem pra lá.
E aí, qual sua opinião sobre o assunto.
Comenta aqui embaixo que a gente responde… e se quiser dar ideias para novas postagens, estamos a disposição.
Grande abraço.