Dá pra perder gordura localizada sim!

Ricardo Souza

Um dos maiores objetivos de quem entra numa rotina de atividades físicas é perder peso. Sem dúvida. Entretanto, perder peso não é necessariamente legal se esse peso vier, por exemplo, de sua massa muscular.

E esse é o conceito de emagrecimento: diminuir o seu percentual de gordura e não necessariamente seu peso total. Quanto menos gordura, proporcionalmente, você tem em seu corpo, mais magro você é.

Mas aí vem o primeiro problema, que é como perder essa gordura. E depois vem um segundo problema, que é como perder onde eu quero perder!

Vou tentar responder algumas coisas simples sobre essas questões e tentar desmistificar algumas coisas erradas que você deve ter escutado na academia, ok?

Dá pra perder gordura localizada com exercícios localizados?

A resposta é SEM A MENOR DUVIDA QUE SIM!

Durante muito tempo o discurso que ouvimos na academia é de que você não consegue escolher onde perde gordura, e que o organismo é que vai fazendo isso.

Isso não é completamente verdade não. Dá pra você induzir sim uma redução local da gordura corporal.

E como a gente faz isso? Com exercícios localizados!

Mas esqueça essa história de ginástica localizada. A musculação é uma opção infinitamente melhor nesse sentido. E como isso acontece? Como eu consigo explicar esse fenômeno?

O trabalho muscular localizado leva ao aumento do metabolismo e vascularização local. E isso leva ao aumento do consumo de gordura, não durante o exercício, mas durante a recuperação.

Quanto mais esses músculos trabalharem com intensidade, maior é esse efeito. Um estudo que saiu esse mês no Journal os Sport Medicine and Physical Fitness serve bem pra ilustrar essa ideia.

Os autores dividiram os indivíduos em dois grupos, os que faziam exercícios de musculação para membros superiores + atividade aeróbica ou membros inferiores + aeróbica. Quem fez exercícios para membros superiores emagreceu mais nos membros superiores e quem fez para inferiores, mais nos inferiores.

Legal isso, né!?

A gordura que a gente perde, vira energia?

Essa é mais difícil. Sim e não.

A ideia de que toda a gordura que “some” de nosso corpo vira energia, já caiu por terra. Por isso aquela expressão “fat burner” ou “queima de gordura” não é a melhor expressão pra se utilizar.

Na verdade, parte da gordura que você utilizou virou energia e uma outra grande parte virou outros tipos de tecido. Inclusive massa muscular.

O que? Gordura vira músculo? Com certeza!

Pensa comigo: vale a pena ter uma reserva enorme de tecido que serviria EXCLUSIVAMENTE como fonte de energia? Nenhum outro tecido do nosso corpo tem uma função exclusiva…

Os músculos, por exemplo, servem para gerar movimento, depósito de energia, ajudam na manutenção da temperatura corporal, podem ser transformados em carboidrato, e mais um monte de coisa. O esqueleto nos dá sustentação, melhoram a nossa locomoção, são reserva de minerais, etc.

E a gordura é só… energia?

Não… e é bem simples de explicar. Pesquisadores conseguem medir de forma bem precisa quanto gasto energético você tem durante uma atividade física, e também quanta “reserva” você acabou gastando de energia, proveniente da gordura e das outras fontes.

E quando eles medem isso, eles notam que a reserva de energia diminuiu muito mais do que o gasto de energia que você teve durante o exercício e durante o repouso. E essa diferença é bem significativa!

E pra onde foi essa gordura? Pois bem, ela foi degradada e os átomos que a compõe foram utilizados para a formação de outros tecidos… inclusive massa muscular. Descobriu-se assim que a gordura é uma reserva “multifuncional” e que pode ser utilizada para muitas outras aplicações.

E o aeróbico em jejum, realmente ajuda?

Bom, se a primeira pergunta eu respondi com sim, a segunda com sim e não, essa com certeza é um sonoro e enfático NÃO!!!

Existem duas coisas importantes a serem destacadas: 1) como os estudos que verificaram vantagens em relação ao jejum e emagrecimento foram conduzidos e 2) o que realmente emagrece.

Quanto aos estudos, a maioria é conduzida em situações puramente laboratoriais, com células isoladas em condições muito controladas.

O que eu quero dizer? Que não tem nada a ver com condições reais, que você verifica em indivíduos vivos frequentando uma academia.

Desse jeito, fazer relações com o mundo real é no mínimo uma inocência muito grande (pra não dizer burrice, mesmo!).

Quanto a emagrecer, o aeróbico em jejum pode até aumentar o gasto de gordura durante a atividade, mas isso não é realmente o que emagrece. O que emagrece é o aumento do metabolismo como um todo.

E o jejum faz nosso metabolismo ir lá pra baixo. Olha esse estudo aqui e nesse tópico do site do GEASE (do prof. Paulo Gentil) se você quiser saber mais sobre o tema.

É nisso que se baseia abordagens mais intensas, como o HIIT: a intensidade eleva o metabolismo e o matem alto por mais tempo. E aí sim, você emagrece. E você não precisa de muito tempo. Precisa é de intensidade.

Agora, como fazer exercício intenso sem comer? Ou comendo em intervalos muito grandes?

Sinto muito, você não faz! Pense nisso! E não me venha com o argumento… “ah, mas tem aquele fisiculturista amigo meu que faz aeróbico em jejum e funciona…” Vai por mim, não é bem o aeróbico em jejum que ta fazendo ele emagrecer, rsrsrsrs

Quais são as aplicações práticas disso tudo?

Vamos lá, em forma de tópicos:

1) Exercícios localizados levam a redução de gordura localizada. Aposte nisso. Aposte na musculação. E na musculação com intensidade.

2) Não ache que você precisa fazer “aeróbicos” pra emagrecer. Gordura não é só energia. Se você faz musculação, vai precisar de parte da gordura pra reconstruir músculos, e você vai emagrecer também.

3) Não me faça exercícios em jejum. Vai sair uma bo***, a intensidade vai lá pra baixo, e mesmo que você gaste mais gordura na atividade, seu metabolismo vai ficar reduzido… e o emagrecimento MUITO prejudicado.

Abraço

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