Burpee: legal pra treinar, legal pra avaliar

Ricardo Souza

Uns amam, outros odeiam, mas uma coisa é fato: o burpee foi uma das melhores invenções do século passado. Um exercício que envolve tanto membros superiores quanto inferiores, que leva ao desenvolvimento da resistência muscular e da aptidão cardiorrespiratória e que com certas adaptações, pode ser feito por qualquer pessoa. Mas você conhece sua origem?

De onde nasceu a ideia

Os primeiros registros de alguém executando tal movimento foram do fisiologista americano Royal Huddleston Burpee (daí o nome), no final dos anos 30, quando tentava desenvolver uma forma de melhorar e testar a aptidão física de diferentes indivíduos. No início dos anos 40 o movimento se popularizou, já que foi incluído como parte do processo de avaliação do exército americano.

No Brasil, temos um movimento parecido, o meio-sugado, que também ficou popular nas forças armadas, e que é utilizado com o mesmo objetivo do seu equivalente americano.

Mas porque é tão bacana fazer o burpee?

Bom primeiro porque é um exercício, e em geral, todo exercício é bacana. Segundo, ele exige esforço de vários grupos musculares de forma simultânea. Os membros inferiores por completo, os extensores da coluna e músculos abdominais e a parte anterior do tórax e posterior dos braços são exigidos.

Terceiro, em razão desse monte de músculos envolvidos na atividade, o estresse sobre o sistema cardiorrespiratório acaba sendo grande, o que aumenta a frequência cardíaca e o fluxo de sangue nos músculos e no miocárdio, fundamental para o desenvolvimento de todos esses sistemas.

E finalmente, é um exercício simples e democrático. Todos conseguem fazer, mesmo que exija pequenas adaptações. O controle da intensidade é simples, podendo ser pela mudança na velocidade ou amplitude de movimento.

Além de exercício, ele pode ser um teste

Uma das propostas de utilização do burpee como teste foi atualizada no ano passado (PODSTAWSKI et Al., 2019) e envolve um score de 0 a 100 em razão do número de ciclos executados ao longo de 3 minutos consecutivos de movimento.

Ah, é importante ressaltar que o movimento executado aqui é a variação chamada de “sprawl”, aquela que você agacha, fica na prancha e volta a ficar de pé. Não tem nem a flexão e nem o salto, ok? Vou colocar a imagem do artigo original aqui pra vocês verem.

Apesar de ter sido desenvolvida para ser aplicada a indivíduos jovens, acredito que tenha uma grande utilidade em uma faixa etária entre 10-11 até 55-60 anos, desde que a pessoa não sinta desconforto e consiga realizar os movimentos.

Depois de executar o maior número possível, vá até a tabela a seguir e veja seu score. É bem simples.

Primeiro você acha na coluna “Cycles” o número de burpees que você conseguiu fazer em 3 minutos. Mas lembre, não vale roubar e nem fazer pela metade. Tem que ser daquele jeito que está ali nas imagens, ok?

Depois procure nas colunas “T-scale” aquele em que você se enquadra: “Men” se você é homem ou “Women” se for mulher.

O resultado é simples, ele vai de 0 a 100, com 0 sendo o pior e 100 o melhor resultado. Se você quiser traduzir isso em nível de aptidão, tem essa tabela que os autores fornecem. Nela, existem 5 classificações: muito ruim, ruim, médio, bom e muito bom.

Vamos dar um exemplo, ok?

Imagina que você é um homem e que executou 63 repetições em 3 minutos. Se formos ali na tabela do score, 63 repetições retornam um valor de 58 numa escala de 0 a 100. Assim, com 63 repetições ou score de 58, um homem ficaria como nível de aptidão “médio”.

Já uma mulher, com exatamente o mesmo desempenho (63 repetições) ficaria com score 66 e nível de aptidão “bom”.

E isso é esperado, já que se espera que o homem consiga, naturalmente, executar maior número de repetições para o mesmo intervalo de tempo.

Mas não é só avaliação, existem muitos estudos que incorporam o burpee em seus experimentos e apresentam excelentes resultados, sabia?

Fazendo burpees e ficando melhor!

Vou mostrar para vocês dois estudos. O primeiro, é um que investigou o efeito de diferentes modelos de treinos (musculação com pesos livres, exercícios com o peso corporal, corda naval e burpee) nas respostas agudas do organismo.

Os autores mediram o consumo de oxigênio necessário para fazer diversas tarefas, todas organizadas da mesma forma e com a mesma intensidade. Os resultados indicaram que os treinos que envolviam a realização dos burpees estavam entre os que mais consumiam oxigênio, mostrando que é sim um movimento que exige muito do organismo.

O segundo, avaliou o efeito de dois programas de exercícios na composição corporal e resistência muscular localizada.

Um programa envolvia corrida moderada e continua, enquanto outro programa, exercícios com p peso corporal (polichinelo, agachamento, mountain climber e burpee).

Apesar de nenhum dos grupos apresentar alteração de composição corporal (o programa tinha só 6 semanas), o grupo que executou exercícios com peso corporal apresentou mudanças positivas na resistência muscular de membros superiores (teste de flexão no solo).

E o curioso é que o movimento de flexão não foi utilizado, mas faz parte do burpee. Isso mostra a capacidade que o movimento tem de exercitar diferentes grupos musculares.

E aí? Te dei argumentos suficientes pra incluir esse movimento em seus treinos?

Mas nunca é demais lembrar, se você não te experiência, procure sempre a ajuda de um bom profissional.

Grande abraço.

 

 

 

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