Uma das maiores dificuldades em qualquer espaço destinado à prescrição de exercícios e a manutenção de uma rotina frequente e de qualidade de avaliações físicas.
Primeiro, porque os modelos mais utilizados de avaliação, utilizam protocolos que exigem muito tempo para execução, como avaliação antropométrica por dobras cutâneas.
Segundo, como essas avaliações são normalmente cobradas de forma separada, é muito difícil convencer o aluno a manter uma frequência adequada de re-avaliações, algo como um intervalo de 2 a 3 meses.
Então, como resolver essa questão? Uma das melhores opções para avaliação rápida, com precisão, de um grande volume de pessoas é a adoção de protocolos que utilizam equipamentos de bioimpedância.
Mas o que é a bioimpedância?
A técnica de bioimpedância aplicada à avaliação antropométrica (massa muscular, gordura corporal etc.) foi desenvolvida por uma empresa japonesa chamada Tanita, muitos anos atrás, e parte de um princípio simples: quanto mais o corpo humano oferece resistência para a passagem de eletricidade, menos água existe nesse corpo.
E o contrário também vale, quanto mais rápido e com menos interferência o impulso elétrico se propaga, mais água existe no organismo.
Assim, o equipamento aplica um impulso elétrico em um ponto do corpo. Esse impulso se propaga e acaba sendo captado em outro ponto. Dependendo de quanto esse impulso muda, é possível calcular se existe mais ou menos água na pessoa.
Mas porque a quantidade de água é tão importante?
O ser humano é basicamente água, proteína e minerais… além da gordura, é claro!
Entretanto, a gordura é anidra, ela não possui água. Então quanto maior a quantidade de gordura em uma pessoa, menor a proporção de água (entendeu a lógica?)… e quanto menor a quantidade de água, maior a resistência a passagem do impulso elétrico (maior impedância).
Assim, quanto menor interferência no impulso, mais água, mais magro.
Quanto maior a interferência, menos água, mais “gordinho”.
Mas esse tipo de avaliação é precisa?
Como todo protocolo de avaliação, existem cuidados a serem tomados para que a precisão seja adequada. Se isso for respeitado, a avaliação é tão (ou até mais) precisa que todos os outros protocolos.
Dá uma olhada no resultado desse estudo que comparou quatro tipos diferentes de avaliações antropométricas: 4 componentes (4-C), raio-x de dupla absormetria ou apenas dexa (DXA) e duas marcas de balanças de bioimpedância (Bodystat e Tanita).
As quatro técnicas foram utilizadas no início e após 12 semanas de um protocolo de emagrecimento, assim como depois de 52 semanas, para avaliar se existia recuperação da gordura perdida.
É fácil de perceber que, comparada com a DXA (padrão ouro), as balanças de bioimpedância tiveram uma variação de 2,5kg e 1,0kg no início, 2,5kg e 0,2kg na semana 12 e 2,0kg e 0kg após 52 semanas (Bodystat e Tanita, respectivamente).
Assim, a balança da Tanita teve uma variação máxima de 0,02% em relação ao padrão ouro (DXA).
E ainda existe uma grande vantagem adiciona: o teste não dura mais do que 10 segundos.
Mas porque nem toda a bioimpedância tem a mesma precisão?
E aí que está o grande segredo. Bioimpedância é o nome da técnica, mas existem diferentes formas de funcionamento dos equipamentos.
O mais preciso (como esse da Tanita) é aquele que utiliza oito eletrodos, quatro polos e mais de uma frequência no sinal de análise.
O maior número de polos (oito ao invés de dois ou quatro) permite que uma maior combinação de emissão e captação de sinais seja realizada, o que acaba excluindo a necessidade de predição. Por exemplo:
Um equipamento de quatro polos, onde apenas os pés são utilizados, acaba medindo a água da parte inferior do corpo. E a parte de cima é predita (o que aumenta o erro).
A mesma coisa vale para equipamento onde os polos têm contato apenas com as mãos.
A mesma coisa vale para o uso de uma ou mais frequências.
Equipamentos mono frequênciais medem apenas a água extracelular, e a agua intracelular é predita. Os multifrequenciais não, pois são capazes de mensurar a água tanto de fora quanto de dentro das células, o que aumenta sua precisão.
Dá uma olhada na figura abaixo.
O problema é que a maioria dos equipamentos não é assim (oito polos e multifrequêncial).
Existem equipamentos de bioimpedância bem mais simples, com apenas quatro eletrodos, ou que funcionam com apenas uma única frequência de análise.
Esses tipos de equipamentos possuem margens de erros bem maiores, e realmente podem comprometer o resultado da avaliação.
Mas em compensação, são muito mais baratos.
Um equipamento mais simples pode ser encontrado em uma faixa de preço que vai de R$100 a R$800. Os mais precisos iniciam ao redor de R$15.000.
Com essa diferença, é claro, não dá para esperar o mesmo nível de qualidade.
Resumo da obra
O protocolo de bioimpedância é muito rápido, preciso e útil, se um equipamento adequado for utilizado.
Entretanto, em razão do seu maior custo de aquisição, ele só se mostra vantajoso se for utilizado para a avaliação de uma grande quantidade de pessoas.